
Exploração Geoquímica
Aqui você encontra informações sobre os principais métodos de prospecção geoquímica utilizados na exploração mineral, com destaque para os tipos de amostragem e os produtos gerados a partir dos dados.
Explore as sessões de Geoquímica clicando em:
Métodos de Prospecção Geoquímica para Exploração Mineral
A prospecção geoquímica é uma ferramenta essencial na exploração mineral, permitindo identificar anomalias químicas que podem indicar a presença de depósitos minerais. A escolha do método depende do tipo de terreno, estágio do projeto e objetivo da investigação.
Principais Métodos de Amostragem
1. Amostragem de Sedimento de Corrente
Objetivo: Detectar dispersões geoquímicas em áreas de drenagem, com a identificação de bacias hidrográficas anômalas em um ou mais elementos químicos.
Como funciona: Coleta de sedimentos grosseiro em córregos e drenagens menores, que acumulam partículas transportadas por erosão, provenientes de uma determinada bacia hidrográfica.
Vantagens: Cobertura regional ampla e baixo custo.
Aplicação: Ideal para reconhecimento inicial em áreas grandes.
Desafios: movimentações antrópicas do solo (agricultura, urbanização, etc), podem mascarar resultados geoquímicos.
2. Amostragem de Solo
Objetivo: Identificar anomalias geoquímicas superficiais.
Como funciona: Coleta sistemática de solo em malhas regulares, geralmente na transição entre os horizontes B e C do solo.
Vantagens: Alta resolução espacial; útil em áreas com cobertura residual.
Aplicação: Etapas intermediárias de prospecção.
3. Amostragem de Cupinzeiro
Objetivo: Acessar materiais de profundidade por meio da atividade dos cupins.
Como funciona: Coleta de solo ou fragmentos de rocha acumulados em cupinzeiros.
Vantagens: Permite amostrar abaixo da cobertura superficial; útil em áreas de solo laterítico.
Aplicação: Regiões tropicais com vegetação densa.
4. MMI (Mobile Metal Ion)
Objetivo: Detectar íons metálicos móveis que migram até a superfície.
Como funciona: Técnica analítica avançada que mede concentrações de íons metálicos em amostras de solo.
Vantagens: Alta sensibilidade; excelente para áreas com cobertura espessa.
Aplicação: Prospecção detalhada em terrenos complexos.
5. Amostragem de Rocha (Chip e Canal)
Chip sampling: Fragmentos de rocha coletados em afloramentos ou frentes de lavra.
Canal sampling: Coleta contínua ao longo de um canal escavado na rocha.
Vantagens: Representatividade direta do material mineralizado.
Aplicação: Avaliação de afloramentos e zonas mineralizadas.
6. Trincheiras
Objetivo: Expor seções do solo e rocha para amostragem direta.
Como funciona: Escavação manual ou mecânica de valas rasas.
Vantagens: Permite observação geológica e amostragem sistemática.
Aplicação: Áreas com mineralização superficial ou encoberta.
7. Amostras de Sondagem
Objetivo: Investigar mineralizações em profundidade.
Como funciona: Coleta de testemunhos de sondagem (núcleos) por perfuração.
Vantagens: Alta precisão; permite modelagem 3D da mineralização.
Aplicação: Etapas avançadas de exploração e avaliação de recursos.
Produtos e Resultados Possíveis
A partir dos dados geoquímicos obtidos, diversos produtos podem ser gerados para interpretação e tomada de decisão:
Mapas Temáticos por Elementos Químicos
Representam a distribuição espacial de concentrações de elementos (ex: Au, Cu, Zn).
Permitem identificar anomalias geoquímicas e definir alvos de interesse.
Gridagens Geoquímicas
Malhas regulares de amostragem (ex: 100x100 m, 200x200 m).
Facilitam interpolação e geração de mapas de calor (heatmaps).
Gráficos de Elementos Químicos
Histogramas, diagramas de dispersão, boxplots.
Auxiliam na identificação de padrões, correlações e outliers.
Softwares para Tratamento e Interpretação de Dados Geoquímicos na Exploração Mineral
A análise de dados geoquímicos é uma etapa essencial na exploração mineral, permitindo identificar anomalias e definir alvos com maior precisão. Diversos softwares especializados são utilizados para processar, visualizar e interpretar esses dados, integrando informações espaciais, estatísticas e geológicas.
Principais Softwares Utilizados
1. Geosoft Oasis Montaj
Função: Processamento de dados geoquímicos, geofísicos e geológicos.
Recursos:
Ferramentas para interpolação, análise estatística e mapas temáticos.
Módulos específicos para geoquímica regional e QA/QC de dados.
Aplicação: Ideal para campanhas de reconhecimento e integração de dados multivariados.
2. Leapfrog Geo (Seequent)
Função: Modelagem geológica 3D com integração de dados geoquímicos.
Recursos:
Visualização de teores em modelos tridimensionais.
Ferramentas para interpolação por RBF e estimativa de recursos.
Aplicação: Avaliação de depósitos e definição de geometrias mineralizadas.
3. Datamine MapInfo Discover
Função: Sistema de Informação Geográfica (SIG) voltado para geociências.
Recursos:
Visualização e análise de dados geoquímicos em mapas interativos.
Ferramentas para gridagem, interpolação e geração de mapas temáticos.
Integração com dados de sondagem e geologia estrutural.
Aplicação: Planejamento de campanhas de amostragem e interpretação espacial.
4. ArcGIS (Esri)
Função: Plataforma SIG para análise espacial e geográfica.
Recursos:
Criação de mapas temáticos por elemento químico.
Sobreposição com dados topográficos, geológicos e ambientais.
Aplicação: Análise regional, gestão de dados espaciais e integração com outras fontes.
5. IoGAS
Função: Análise estatística multivariada de dados geoquímicos.
Recursos:
PCA, análise discriminante, clustering e gráficos interativos.
Identificação de padrões geoquímicos e anomalias multielementares.
Aplicação: Interpretação detalhada e definição de alvos exploratórios.
Produtos Comuns Gerados com os Softwares
Mapas temáticos por elemento químico (ex: Au, Cu, Zn, As).
Modelos 3D de distribuição de teores e mineralização.
Gráficos estatísticos: histogramas, boxplots, correlações.
Interpolações geoquímicas: IDW, krigagem, triangulação, mínima curvatura.
Modelos de blocos com estimativas de recursos.
Relatórios técnicos com QA/QC, estatísticas e interpretações.
Esse tipo de softwares são ferramentas indispensáveis para transformar dados brutos em conhecimento geológico aplicável, permitindo decisões estratégicas, o correto avanço da exploração de uma determinada área/alvo, em todas as fases da exploração mineral.
📚 Bibliografia indicada sobre Métodos de Prospecção Geoquímica em geral
Levinson, A.A. (1974). Introduction to Exploration Geochemistry
Editora: Applied Publishing Ltd., Calgary, Canada
Páginas: 612 p.
Um dos livros mais influentes na área, abordando fundamentos teóricos, métodos de amostragem, estatística geoquímica e interpretação de dados.Rose, A.W.; Hawkes, H.E.; Webb, J.S. (1979) Geochemistry in Mineral Exploration
Editora: Academic Press, London
Edição: 2ª edição
Páginas: 657 p.
Referência clássica sobre geoquímica aplicada à prospecção mineral. Abrange dispersão geoquímica, elementos indicadores, e técnicas analíticas.Govett, G.J.S. (1983). Handbook of Exploration Geochemistry – Volume 1: Geochemical Methods in Mineral Exploration
Editora: Elsevier Scientific Publishing Company
Páginas: 461 p.
Primeiro volume de uma série técnica. Foca em métodos geoquímicos, incluindo amostragem de sedimentos de corrente, solos e rochas, além de interpretação estatística.Cavalcanti Neto, M.T.O.; Rocha, A.M.R. (2010). Noções de Prospecção e Pesquisa Mineral para Técnicas de Geologia e Mineração
Editora: IFRN
Voltado à formação técnica, este livro brasileiro oferece uma abordagem prática e acessível sobre métodos de prospecção geoquímica. Disponível no portal do IFRN
Prospecção Geoquímica de Sedimentos de Correntes
A prospecção geoquímica por sedimentos de correntes é uma técnica amplamente utilizada na fase inicial de exploração mineral. Ela consiste na coleta e análise de sedimentos ativos de cursos d’água (como córregos e riachos), que funcionam como “transportadores naturais” de partículas minerais provenientes da erosão de rochas que afloram dentro de uma determinada na bacia hidrográfica.
Aplicabilidades:
Esse método é especialmente útil em:
Reconhecimento regional de áreas com potencial mineral.
Identificação de anomalias geoquímicas que podem indicar a presença de depósitos minerais.
Estudos metalogenéticos, para entender a distribuição de elementos químicos em uma região.
Avaliação ambiental, ao monitorar a presença de metais pesados ou contaminantes.
Pode ser aplicado em áreas de difícil acesso, onde métodos mais invasivos seriam inviáveis ou custosos.
Resultados Esperados:
A análise dos sedimentos permite:
Detectar elementos traço como ouro (Au), cobre (Cu), zinco (Zn), urânio (U), entre outros.
Mapear zonas (bacias hidrográficas) anômalas , que indicam possíveis fontes de mineralização.
Gerar modelos preditivos para orientar futuras etapas da exploração, como locação de malhas de coleta de amostras de solo, cupinzeiro, rochas e/ou levantamentos geofísicos.
Esses dados são integrados a informações geológicas e topográficas para classificar as bacias hidrográficas de uma área/região, e hierarquizar alvos de interesse.
Vantagens:
Baixo custo comparado a outros métodos exploratórios.
Cobertura ampla, ideal para levantamentos em grandes áreas.
Rapidez na coleta e análise, poucas amostras pode cobrir grandes áreas de levantamento.
Sensibilidade elevada, capaz de detectar concentrações muito baixas de elementos.
Além disso, pode ser combinado com imagens de satélite e dados geológicos em SIG (como o uso de softwares como ArcGIS, Mapinfo e QGIS) para otimizar o planejamento da amostragem em fases mais avançadas da exploração.
Desafios:
Apesar de suas vantagens, o método apresenta limitações:
Diluição de sinal geoquímico em grandes bacias hidrográficas. Nestes caso as bacias devem ser divididas em sub-bacias hidrográficas para melhorar a representatividade.
Influência de fatores ambientais, como granulometria, pH e matéria orgânica.
Influência de antrópica, como agricultura e urbanização podem mascarar os resultado, na medida que geram grandes volumes de sedimentos finos.
Interpretação complexa, exigindo conhecimento técnico para distinguir anomalias naturais de antropogênicas.
Necessidade de validação, com métodos complementares como amostragem de solo ou rocha.


Programação de Malha
A figura ao lado mostra um desenho esquemático de uma amostragem de sedimentos de corrente para Exploração Mineral.
A bacias hidrográfica foi dividida em sub-bacias utilizando se o mapa topográfico da área.
Malha de Amostragem de Sedimentos de Corrente
Dois trends de mineralização de direção NW-SE pode ser interpretados a partir dos resultados de bacias anômalas obtidos.
Malas de amostragem de geoquímica de solo ou geofísicas, por exemplo, podem ser planejados sobre os trendes anômalos.
Verifique a as áreas anômalas são muito menores do que a área total amostrada com sedimento de corrente. Isso permite otimizar os esforços exploratórios do projeto.
Resultados
📚 Bibliografia indicada sobre Métodos Geoquímicos de Sedimento de Corrente:
Rose, A. W.; Hawkes, H. E.; Webb, J. S. (1979). Geochemistry in Mineral Exploration. 2ª edição. Academic Press. 657 páginas. catalog.libraries.psu.edu+2Cambridge University Press & Assessment+2
Aborda princípios geológicos e geoquímicos, dispersão química, mobilidade de elementos traço, preparação de amostras, estudos de drenagem (“drainage sediments”) etc.
Muito útil para ver como interpretar anomalias em sedimento, e como o transporte e deposição afetam concentração de traços.
Mudroch, Alena; MacKnight, Scott D. (1994). Handbook of Techniques for Aquatic Sediments Sampling. 2ª edição, CRC Press. 256 páginas. Google Livros
Foca em procedimentos práticos de amostragem de sedimentos de fundo e suspensos, tratamento de amostras, preservação, estações de amostragem etc. Muito relevante para metodologias de campo.
Holland, Heinrich D.; Turekian, Karl K., eds. (2003; 2ª edição 2014). Treatise on Geochemistry. Elsevier. Volumes vários; o Volume 7: Sediments, Diagenesis, and Sedimentary Rocks (Fred T. Mackenzie, editor). Aproximadamente 425 páginas para o volume 7.
Excelente para fundamentos de geoquímica de sedimentos, processos de diagênese, composição mineralógica e isotópica, e interpretação de ambientes deposicionais.
Förstner, Ulrich. (2002). “Sediment sampling, sample preparation, grain size corrections, and chemical criteria.” Capítulo no Environmental Monitoring Handbook (editado por Frank R. Burden, Ian McKelvie, Ulrich Förstner, Alex Guenther). McGraw‑Hill, pp. 14.1‑14.35. ResearchGate
Específico para amostragem, preparação das amostras, correção por tamanho de grão, critérios químicos. Muito prático para quem irá analisar sedimentos de corrente, onde o tamanho de partícula pode influenciar fortemente os resultados.
Edwards, Thomas W. D.; Glysson, G. Douglas (1999). Field Methods for Measurement of Fluvial Sediment (Techniques of Water‑Resources Investigations, Book 3, Chapter C2). U.S. Geological Survey. 89 páginas. Publicações do USGS
Muito bom em métodos de campo para coletar sedimento em correntes: tipo de amostrador, integrações de profundidade, amostragem de sedimento de leito (bed material), carga em suspensão, critérios representativos, etc.
Govett, G.J.S. (1983). Handbook of Exploration Geochemistry – Volume 1: Geochemical Methods in Mineral Exploration
Editora: Elsevier Scientific Publishing Company
Páginas: 461 p.
Primeiro volume de uma série técnica. Foca em métodos geoquímicos, incluindo amostragem de sedimentos de corrente, interpretação estatística e uso de mapas geoquímicos.Doherty, M.E.; Arndt, K.; Chang, Z.; Kelley, K.; Lavin, O. (2023). Stream sediment geochemistry in mineral exploration: a review of fine-fraction, clay-fraction, bulk leach gold, heavy mineral concentrate and indicator mineral chemistry
Periódico: Geochemistry: Exploration, Environment, Analysis
Volume: 23, Número 4
Link para a Publicação: 10.1144/geochem2022-039
Editora: Geological Society of LondonMelo, Belarmino Braga de; Ramos, Maurício Moacir (2019). Plano de amostragem geoquímica por sedimentos ativos de corrente e concentrados de batéia com o uso de imagens SRTM, na bacia do rio Itapicuru – BA
Periódico: Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento
Volume e páginas: Ano 04, Ed. 03, Vol. 08, pp. 60–80
Link para o artigoSantos, Márcio (2024). Geoquímica – Amostragem de Sedimentos de Corrente
Plataforma: Academia.edu
Formato: Artigo técnico em PDF
Páginas: Não especificado
Disponível para leitura e downloadPorto, C.G.; Takehara, L.; Larizzatti, J.; Diener, F.; Polo, H.; Alvear, M.; Silveira, F.V. (ano não especificado). Levantamento Geoquímico de Sedimento de Corrente na Região do Granito Serra Dourada, Goiás
Instituição: Serviço Geológico do Brasil – CPRM
Formato: Relatório técnico
Local de publicação: Brasília
Disponível em ResearchGate
Prospecção Geoquímica por Amostragem de Solo
A prospecção geoquímica por amostragem de solo é uma técnica fundamental na exploração mineral, utilizada para detectar anomalias químicas que possam indicar a presença de depósitos minerais ocultos. O solo atua como um meio de concentração de elementos provenientes do intemperismo de rochas subjacentes ou de processos de transporte superficial.
Tipos de Amostragem de Solo:
Existem diferentes abordagens, dependendo do objetivo e da geologia local:
Amostragem de solo superficial: coleta logo abaixo da camada orgânica ou horizonte A, ideal para análises de Íons de Metais Móveis (MMI - ver sessão dedicada abaixo).
Amostragem de horizonte B: mais profunda, junto à transição para o horizonte C, visa minimizar interferências orgânicas e captar sinais geoquímicos mais estáveis (Amostragem de solo convencional).
Amostragem sistemática em malha: coleta em pontos equidistantes (ex: 100x100 m), ou em linhas transversais às principais estruturas geológicas (ex: 50x400m, ou seja, linhas espaçadas 400m entre si e amostras coletadas a cada 50m sobre as linhas), usada em levantamentos regionais.
Amostragem de detalhe: aplicada em áreas com anomalias pré-identificadas, com espaçamento menor (ex: 25x25 m ou 50x50 m ou 50x200m ou 25x100m). Também conhecida como infill ou preenchimento de malha.
Amostragem de perfil vertical: coleta em diferentes profundidades para estudar a migração de elementos.
Aplicabilidades:
Exploração de metais base e preciosos (Au, Cu, Zn, Ni, etc.).
Delimitação de zonas mineralizadas em áreas com cobertura de solo.
Monitoramento ambiental de áreas impactadas por mineração ou contaminação.
Estudos pedogeológicos para entender a evolução do solo e sua relação com a geologia local.
Resultados Esperados:
Identificação de anomalias geoquímicas que indicam possíveis fontes de mineralização.
Geração de mapas temáticos com distribuição de elementos químicos.
Definição de alvos prioritários para amostragem de rocha, levantamentos geofísicos e/ou sondagem .
Correlação entre elementos pathfinders e mineralizações alvo.
Vantagens:
Custo relativamente baixo em comparação com métodos geofísicos ou de sondagem.
Alta resolução espacial, especialmente em malhas densas.
Versatilidade, podendo ser aplicada em diferentes tipos de terreno.
Ideal para tratamento em SIG, facilitando a integração com dados geológicos e topográficos.
Desafios:
Influência de fatores ambientais, como intemperismo, granulometria e matéria orgânica.
Influência de fatores antrópicos, como agricultura e urbanização.
Diluição ou mascaramento de sinais em solos transportados ou muito alterados.
Necessidade de preparo rigoroso das amostras, para evitar contaminações.
Interpretação complexa, exigindo integração com dados geológicos e mineralógicos.
📚 Bibliografia indicada sobre Métodos Geoquímicos de Sedimento de Corrente:
Rose, Arthur W.; Hawkes, Herbert E.; Webb, John S. (1979). Geochemistry in Mineral Exploration. 2ª edição. Academic Press. xvii + 657 páginas.
Este livro é uma referência ampla em prospecção geoquímica: comportamento de elementos, métodos de amostragem, tipos de solo, mobilidade, interpretação de anomalias, etc. Catálogo da Biblioteca PSU+1
Butt, C. R. M.; Zeegers, H. (Eds.) (1992). Regolith Exploration Geochemistry in Tropical and Subtropical Terrains. Handbook of Exploration and Environmental Geochemistry, Vol. 3. Elsevier Science, 608 páginas.
Muito útil para solos tropicais / com forte intemperismo, focando em procedimentos de amostragem, análises e interpretação em terrenos tropicais ou subtropicais. All Bookstores
Kauranne, L. K.; Eriksson, K.; Salminen, R. (Eds.) (1992). Regolith Exploration Geochemistry in Arctic and Temperate Terrains. Handbook of Exploration and Environmental Geochemistry, Vol. 4. Elsevier Science, 444 páginas.
Foca em solos de regiões frias/temperadas, com exemplos de amostragem e interpretação nesses ambientes. All Bookstores
Govett, G.J.S. (1983). Handbook of Exploration Geochemistry – Volume 1: Geochemical Methods in Mineral Exploration
Editora: Elsevier Scientific Publishing Company
Páginas: 461 p.Obra clássica que detalha métodos geoquímicos aplicados à prospecção, com capítulos específicos sobre amostragem de solo, estatística geoquímica e interpretação de anomalias.
Fletcher, W. K.; Hoffman, S. J.; Mehrtens, M. B.; Sinclair, A. J.; Thomson, I.; Robertson, J. M. (1986). “Exploration Geochemistry: Design and Interpretation of Soil Surveys”, capítulo “Soil Sampling”. In: Reviews in Economic Geology, Volume 3. Society of Economic Geologists.
Este capítulo é bem diretamente voltado à amostragem de solo em levantamentos geoquímicos: planejamento, densidade de amostra, variabilidade espacial, ruído geoquímico, etc. Geoscience World
Lins, C.A.C.; Machado, G.J.; Cunha, F.G.; Souza, C.J.M.; Romanini, S.J.; Frizzo, S.J.; Macambira, E.B.; Grazia, C.A.; Campelo, F.S.; Oliveira, J.E.; Lopes Jr., Í. (2003)
Título: Manual Técnico da Área de Geoquímica – Versão 5.0
Editora: Serviço Geológico do Brasil – CPRM
Local: Brasília
Páginas: 146 p.Este manual é uma referência nacional para métodos de amostragem geoquímica de solo, incluindo planejamento, coleta, análise e interpretação de dados em projetos de exploração mineral.
Acesso ao documento oficial
Licht, O. A. B. (1998). Prospecção Geoquímica: Princípios, Técnicas e Métodos. Rio de Janeiro: CPRM. 216 páginas.
Introduz os princípios básicos, inclui questões de amostragem, preparação de amostras, interpretação.
Licht, Otávio Augusto Boni; Mello, Carlos Siqueira Bandeira de; Silva, Cassio Roberto (Eds.) (2007). Prospecção Geoquímica: Depósitos minerais metálicos, não metálicos, óleo e gás. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geoquímica / CPRM. 780 páginas.
Coletânea extensa, com capítulos específicos sobre técnicas de prospecção geoquímica, incluindo o capítulo “Representatividade da Amostragem na Prospecção Geoquímica” de Arioli & Andriotti (2007), p. 583‑594.
Ferreira, Valderez; Tassinari, Colombo Celso Gaeta; Sial, Alcides Nobrega; Bettencourt, Jorge Silva; Babinski, Marly (2007). Geoquímica isotópica e aplicações em prospecção geoquímica. In: Prospecção geoquímica: depósitos minerais metálicos, não metálicos, óleo e gás. Rio de Janeiro: SBGq/CPRM. p. 457‑488. Repositório da Produção USP
Embora focado em geoquímica isotópica, este capítulo também discute aspectos de amostragem, interpretação e aplicação em exploração mineral.


Horizonte B – Subsolo
Composição:
Argilas acumuladas
Óxidos de ferro e alumínio
Não são encontradas estruturas de rochas parental
Características comuns:
Cor avermelhada ou amarelada
Menor atividade biológica
Horizonte C – Material Parental
Composição:
Rocha alterada ou intemperizada
Minerais primários (mica, feldspato, quartzo) comumente preservados
Ausência ou baixa ocorrência de matéria orgânica
Características:
Textura da rocha parental geralmente está preservada
Fonte original dos horizontes superiores
Horizonte A – Topsoil (Solo superficial)
Composição:
Matéria orgânica (húmus)
Minerais finos (quartzo, feldspatos)
Raízes de plantas
Características:
Cor escura
Alta atividade biológica
Zona de lixiviação (remoção de minerais)
Perfil de Solo Geral
Prospecção Geoquímica por Amostragem de Solo Tipo MMI (Mobile Metal Ion)
A técnica MMI (Mobile Metal Ion) é uma abordagem inovadora de prospecção geoquímica que se concentra na detecção de íons metálicos móveis presentes em solos, os quais migram a partir de fontes mineralizadas em profundidade. Diferente da geoquímica tradicional, que analisa o conteúdo total de elementos no solo, o MMI busca os íons livres que se deslocam verticalmente por processos físico-químicos, mesmo em ambientes com cobertura espessa ou complexa.
Origens da Técnica:
O método foi desenvolvido pela empresa Geochem Technologies Pty Ltd, na Austrália, nos anos 1990, como resposta à limitação dos métodos convencionais em áreas com solo transportado ou intemperismo intenso. Desde então, tem sido aplicado com sucesso em diversos projetos de exploração mineral ao redor do mundo, inclusive no Brasil, com serviços de análises oferecidos no portifólio do Laboratório SGS.
Aplicabilidades:
Exploração de depósitos ocultos sob cobertura de solo ou sedimentos.
Delimitação de alvos profundos, como veios de ouro, sulfetos maciços ou mineralizações em rochas frescas.
Complementação de métodos geofísicos e geoquímicos convencionais.
Exploração em ambientes tropicais, onde o intemperismo dificulta a interpretação de dados tradicionais.
Resultados Esperados:
Identificação de anomalias geoquímicas sutis, mesmo em áreas com cobertura espessa.
Detecção de elementos como Au, Cu, Ni, Zn, Pd, Pt, entre outros, em concentrações ultra baixas.
Geração de mapas de dispersão de íons móveis, que indicam a direção e intensidade da migração geoquímica.
Definição de alvos prioritários para sondagem, com maior precisão.
Vantagens:
Alta sensibilidade: detecta concentrações na faixa de partes por bilhão (ppb).
Menor interferência de matéria orgânica e intemperismo.
Capacidade de detectar mineralizações profundas, mesmo sob solo transportado ou mineralizações não aflorantes (ou "cegas")
Redução de falsos positivos, por focar em íons móveis diretamente relacionados à mineralização.
Compatível com protocolos QA/QC rigorosos, incluindo padrões certificados e duplicatas.
Desafios:
Custo analítico mais elevado, devido à necessidade de reagentes específicos e laboratórios especializados.
Tempo de preparo e análise maior, comparado à geoquímica convencional.
Interpretação exige conhecimento especializado, pois os padrões de dispersão são diferentes dos métodos tradicionais.
Necessidade de amostragem precisa, com controle rigoroso de contaminação e profundidade.
📚 Bibliografia indicada sobre Geoquímica de Solo Tipo MMI
Mann, A.W.; Birrell, R.D. (1996)
Título: Mobile Metal Ion (MMI) geochemistry: a new geochemical exploration technique
Editora: Journal of Geochemical Exploration, Elsevier
Volume/Páginas: Vol. 56, pp. 233–243
Descrição: Artigo seminal que apresenta os fundamentos da técnica MMI, seus mecanismos de migração iônica e aplicações em ambientes com cobertura espessa.Mann, A.W. (2002)
Título: MMI Technology: Principles, Practice and Performance
Editora: Geochemistry International Pty Ltd
Páginas: 72 p.
Descrição: Manual técnico detalhado sobre os princípios da técnica MMI, incluindo preparo de amostras, protocolos analíticos e estudos de caso em diferentes tipos de depósitos minerais.de Souza Filho, C.R.; de Oliveira, C.G. (2005)
Título: Aplicação da geoquímica de íons móveis (MMI) na prospecção de ouro em terrenos tropicais: estudo de caso no Brasil
Editora: Revista Brasileira de Geociências
Volume/Páginas: Vol. 35, n. 2, pp. 189–198
Descrição: Estudo de caso brasileiro que avalia a eficácia da técnica MMI em ambientes tropicais, com foco em mineralizações auríferas sob solo laterítico.Hall, G.E.M. (1998)
Título: Analytical perspective on the use of selective extraction techniques in exploration geochemistry
Editora: Journal of Geochemical Exploration, Elsevier
Volume/Páginas: Vol. 61, pp. 1–19
Descrição: Discussão crítica sobre métodos de extração seletiva, incluindo MMI, com foco em precisão analítica, limites de detecção e controle de qualidade.


Equipamentos Recomendados
EQUIPAMENTOS
Ø GPS
Ø Trena
Ø Boca de lobo (sem pintura ou ferrugem)
Ø Pá (sem pintura ou ferrugem)
Ø Colher de plástico
Ø Câmera fotográfica
Ø Material para limpeza de ferramentas (escova, pincel, esponja ou estopa)
CONSUMÍVEIS
Ø Sacola plástica (ziplock)
Ø Etiqueta de identificação (amostra)
Ø Sacola plástica para etiqueta de identificação (sacolé)
Ø Planilha de controle/registro de amostras
Ø Pincel atômico (Sharpie)
COLETA DE AMOSTRAS
Com o poço aberto, o Técnico deverá identificar o limite entre camada de matéria orgânica superficial (humus) e o inicio do perfil de solo. A base desta camada de matéria orgânica será definida como DATUM ZERO. A amostra de MMI ideal será coletada a partir de 10cm ABAIXO do DATUM ZERO, com uma espessura aproximada de 15cm (entre 10-25cm de profundidade)
Cada amostra deverá conter entre 250-300g (punho fechado) de material fino. Não há necessidade de peneiramento do material amostrado. Fragmentos de rocha (quartzo) maiores do que cascalho devem ser retirados manualmente. Fragmentos de matéria orgânica como gravetos, raízes ou folhas também devem ser retirados manualmente.
Necessidade de controle rigoroso de contaminação
Este método analisa a migração e a concentração em sub-superfície de íons metálicos provenientes de mineralizações em profundidade. Estudos realizados com o método MMI identificaram que íons metálicos se movem para a superfície e podem se acumular em perfis de solo.
O aspecto mais crítico do método MMI é o processo de amostragem. A metodologia mais indicada para a amostragem consiste na coleta em profundidades constantes, 10cm abaixo do limite inferior da camada de matéria orgânica (DATUM ZERO).
MMI Conceitual




Prospecção Geoquímica por Amostragem de Rocha
A amostragem geoquímica de rocha é uma técnica essencial na exploração mineral, voltada para a caracterização química de unidades litológicas expostas (afloramentos) ou acessadas por escavações e sondagens. Ela permite identificar assinaturas geoquímicas associadas a mineralizações metálicas, orientar campanhas de sondagem e contribuir para a modelagem de depósitos.
Tipos de Amostragem de Rocha:
A escolha do tipo depende do objetivo do estudo e da acessibilidade da área:
Amostragem de afloramentos: coleta direta de fragmentos rochas expostas na superfície (chip samples).
Chip samples (amostras em fragmentos): coleta de fragmentos contínuos ou pontuais ao longo de uma superfície de interesse.
Amostras em canais (channel samples): coleta sistemática ao longo de um canal escavado ou cortado com serra, geralmente com largura e profundidade padronizadas (5 a 10 cm).
Amostragem em trincheiras: realizada em cortes rasos escavados manualmente ou mecanicamente, onde geralmente são coletadas amostras em canal.
Amostragem em galerias subterrâneas: feita em frentes de lavra ou galerias de prospecção, nde geralmente são coletadas amostras em canal.
Amostragem de testemunhos de sondagem: coleta de seções específicas de testemunhos de sondagem diamantada. Geralmente os testemunhos são serrados ao meio preservando se a metade como referência em litotecas e enviando a outra metade para o laboratório.
Amostragem litogeoquímica sistemática: coleta regular em malha ou ao longo de seções geológicas.
Aplicabilidades:
Exploração de depósitos minerais (Au, Cu, Zn, Ni, Fe, etc.).
Caracterização de unidades litológicas e suas assinaturas geoquímicas.
Estudos petrogenéticos e metalogenéticos.
Controle de qualidade em lavra e avaliação de teor mineral.
Resultados Esperados:
Identificação de zonas mineralizadas e seus elementos associados.
Geração de modelos geoquímicos tridimensionais.
Delimitação de corpos mineralizados e orientação de novas sondagens.
Correlação entre elementos pathfinders e mineralizações alvo.
Protocolos QA/QC (Controle de Qualidade):
Para garantir a confiabilidade dos dados analíticos, são adotados protocolos rigorosos:
Inserção de amostras de controle: padrões certificados, brancos e duplicatas.
Rastreamento de amostras: uso de códigos únicos e registros em banco de dados.
Reprodutibilidade analítica: verificação de precisão entre laboratórios.
Auditorias periódicas: revisão dos procedimentos de coleta, preparo e análise.
Controle estatístico: uso de gráficos de controle para monitorar desvios.
Vantagens:
Alta representatividade principalmente para mineralização primária.
Precisão na caracterização química de unidades rochosas.
Integração com dados estruturais e mineralógicos.
Fundamental para modelagem de depósitos minerais.
Desafios:
Acesso limitado a afloramentos em áreas cobertas por solo ou vegetação.
Risco de contaminação cruzada durante coleta ou preparo.
Custo elevado em em laboratórios certificados.
Interpretação complexa, exigindo integração com dados geológicos, petrográficos e estruturais.
📚 Bibliografia indicada sobre Métodos Geoquímicos de Amostragem de Rocha:
Govett, G. J. S. (1983). Rock Geochemistry in Mineral Exploration. Handbook of Exploration Geochemistry, Vol. 3. Elsevier Scientific Publishing Company. 461 páginas. I
Contém capítulos sobre comportamento geoquímico, tipos de amostra de rocha, “problems of sampling” (problemas de amostragem) de rocha, reconhecimento de anomalias geoquímicas em rochas expostas etc. lib.ugent.be+1
Marjoribanks, Roger W. (2010). Geological Methods in Mineral Exploration and Mining, 2ª edição. Springer Berlin Heidelberg. 238 páginas.
O livro aborda “trenching and underground development”, “diamond drilling”, “pitting, trenching and stripping”, entre outros temas. Esses capítulos cobrem amostragem de rocha em trincheiras, galerias e sondagem, além de preparação de dados de campo. SpringerLink+2SpringerLink+2
Potts, P. J. (1987). A Handbook of Silicate Rock Analysis. Blackie & Son (Chapman & Hall). x + 622 páginas. ISBN 0‑216‑91794‑8. Cambridge University Press & Assessment+2SpringerLink+2
Embora focalizado em análise de rochas silicatadas, oferece fundamentos sobre preparação de amostra de rocha, técnicas analíticas, considerações de homogeneização, influência da granulação, etc., que são úteis para amostragem de rocha em exploração. SpringerLink+1
Reedman, J. H. (1979). Techniques in Mineral Exploration. Springer Dordrecht. 1ª edição, ~ 534 páginas.
Contém técnicas de exploração mineral variadas, incluindo métodos de amostragem de rocha, levantamento de trincheiras, amostras de canal etc. SpringerLink
Ramsey, Michael H. (2024). Sampling as Part of the Measurement Process (Capítulo 1, Parte 2) em GGR Handbook of Rock and Mineral Analysis. Geostandards & Geoanalytical Research, Volume 48, Issue 4, páginas 719‑736.
Esse capítulo é bem recente e trata de amostragem como parte essencial do processo de medição, enfatizando precisão, representatividade, e aplicabilidade para rochas (incluindo amostras de sondagem etc.). Wiley Online Library
Roonwal, G. S. (2018). “Mineral Exploration: Practical Application” de Springer Geology. Capítulos diversos (~ 9 capítulos), ~ 298 páginas.
Inclui discussão sobre avaliação de depósitos, caracterização de amostras, sondagem, levantamentos geológicos e geoquímicos, com partes sobre preparo de amostras de rocha. SpringerLink
Albarède, F. (2009). Geochemistry: An Introduction
Editora: Cambridge University Press
Páginas: 355 p.Introdução abrangente à geoquímica, com fundamentos aplicáveis à caracterização de rochas em ambientes de exploração mineral.
Faure, G. (1998). Principles and Applications of Geochemistry
Editora: Prentice Hall, Upper Saddle River, NJ
Páginas: 600 p.Explora princípios geoquímicos com aplicações práticas em amostragem de rochas, incluindo chip samples e canais.
White, W.M. (2013). Geochemistry
Editora: Wiley-Blackwell, New Jersey
Páginas: 668 p.Abrange geoquímica isotópica e elementar, com foco em técnicas analíticas e interpretação de dados em exploração mineral.
Brownlow, A.H. (1996).Geochemistry
Editora: Prentice-Hall International, LondonFoca em métodos de coleta e análise de amostras de rocha, com exemplos aplicados à mineração e controle de qualidade.
Serviço Geológico do Brasil – CPRM (2004)
Título: Manual Técnico da Área de Geoquímica
Editora: CPRM – Publicação Interna
Volume: RLI-1151áginas.Manual técnico brasileiro que detalha protocolos de amostragem de rocha em afloramentos, trincheiras, galerias e sondagens, incluindo QA/QC.
Geoquímica de Rocha Total
Definição:
A geoquímica de rocha total é uma abordagem analítica que visa determinar a composição química completa de uma amostra de rocha, incluindo os principais óxidos, elementos traço e, em alguns casos, elementos raros. Ao contrário de métodos que analisam apenas frações específicas (como minerais ou fluidos), essa técnica considera a rocha como um todo, oferecendo uma visão integrada de sua história geológica.
Aplicabilidades
A análise de rocha total é amplamente utilizada em diversas áreas da geociência:
Determinação Petrografia e Petrologia: para determinar a composição mais precisa, classificar rochas e entender os processos de formação.
Exploração mineral: para determinar as rochas envolvidas nos processos de formação de depósitos minerais, como as rochas encaixantes e protólitos de minérios..
Reconstrução tectônica: para inferir ambientes geodinâmicos antigos com base na composição química.
Modelagem geoquímica: como base para simulações de evolução crustal ou de sistemas hidrotermais.
Resultados Esperados
A análise de rocha total geralmente fornece:
Concentrações de óxidos principais (SiO₂, Al₂O₃, Fe₂O₃, MgO, CaO, Na₂O, K₂O, etc.)
Elementos traço (Ba, Sr, Zr, Ni, Cr, etc.)
Razões isotópicas (em análises mais avançadas)
Classificação geoquímica da rocha (pela Norma CIPW, ou diagramas como TAS ou AFM)
Indicadores de processos geológicos (como fracionamento, fusão parcial, contaminação crustal)
Vantagens:
Visão integrada: permite compreender a rocha como um sistema completo.
Alta aplicabilidade: útil em diversas subdisciplinas da geologia.
Base para comparações regionais e globais: facilita correlações entre diferentes áreas geológicas.
Suporte à modelagem computacional: fornece dados robustos para simulações.
Desafios:
Representatividade da amostra: uma única amostra pode não refletir a heterogeneidade da rocha.
Interferência mineralógica: minerais com alta concentração de certos elementos podem distorcer os resultados.
Custo e tempo: análises completas podem ser relativamente caras e demoradas.
Necessidade de preparo rigoroso: contaminações ou erros na moagem podem comprometer os dados.
Norma CIPW: Composição Mineralógica Normativa
A norma CIPW (Cross, Iddings, Pirsson, Washington) é um método de cálculo que transforma a composição química de uma rocha ígnea em uma composição mineralógica teórica, chamada de composição normativa.
Como funciona:
Parte da análise química de Rocha Total (óxidos principais).
Assume uma cristalização anidra (sem água).
Distribui os óxidos entre minerais "normativos" como quartzo (Q), ortoclásio (Or), albita (Ab), anortita (An), olivina (Ol), entre outros.
Simula a sequência de cristalização do magma, útil especialmente em rochas vulcânicas com textura vítrea ou criptocristalina, onde a identificação mineralógica direta é difícil.
Aplicações:
Classificação química de rochas ígneas.
Avaliação do grau de saturação em sílica.
Comparação entre rochas com diferentes graus de cristalização.
Suporte à interpretação petrogenética.
📚 Bibliografia indicada sobre Geoquímicos de Rocha total e Norma CIPW:
Cox, K.G.; Bell, J.D.; Pankhurst, R.J. (1979)
Título: The Interpretation of Igneous Rocks
Editora: George Allen & Unwin, London
Páginas: 450 pp.
Obra clássica que aborda a petrologia ígnea com profundidade, incluindo fundamentos da geoquímica de rocha total e aplicação da norma CIPW. Ideal para estudantes e profissionais que desejam compreender os processos magmáticos e a classificação química de rochas ígneas.2. Philpotts, A.R.; Ague, J.J. (2010)
Título: Principles of Igneous and Metamorphic Petrology
Editora: Cambridge University Press
Páginas: 667 pp.
Livro abrangente que cobre desde os princípios básicos até tópicos avançados em petrologia ígnea e metamórfica. Inclui explicações detalhadas sobre cálculos normativos (como CIPW) e interpretação geoquímica de rochas. Muito utilizado em cursos de graduação e pós-graduação.3. Raymond, L.A. (1995)
Título: Petrology: The Study of Igneous, Sedimentary and Metamorphic Rocks
Editora: Wm. C. Brown Publishers, Chicago
Páginas: 742 pp.
Texto didático e acessível que cobre os três grandes grupos de rochas. Apresenta a norma CIPW como ferramenta de classificação química, com exemplos práticos e exercícios. Recomendado para quem está começando na área.4. Cross, W.; Iddings, J.P.; Pirsson, L.V.; Washington, H.S. (1903)
Título: Quantitative Classification of Igneous Rocks
Editora: University of Chicago Press
Obra fundadora da norma CIPW. Embora antiga, é essencial para entender a origem e os fundamentos do método normativo. Serve como referência histórica e técnica para estudos avançados em petrologia.5. Lopes, J.C. (2012)
Título: Composições Mineralógicas Virtuais em Rochas Ígneas – Norma CIPW
Instituição: Universidade de Évora
Documento didático voltado para alunos de Engenharia Geológica. Explica de forma clara e aplicada como calcular e interpretar a norma CIPW, com base em exemplos reais. Excelente para uso em sala de aula e estudos práticos. Disponível online
Controle de Qualidade e Acurácia (QAQC) em Amostragem Geoquímica para Exploração Mineral
Em projetos de exploração mineral, a confiabilidade dos dados geoquímicos é essencial para a identificação de alvos promissores e tomada de decisões estratégicas. O conjunto de práticas conhecido como QAQC (Quality Assurance and Quality Control) garante que os dados obtidos sejam precisos, exatos, rastreáveis e estatisticamente válidos.
Objetivos do QAQC:
Quality Assurance (QA): Prevenção de erros por meio de protocolos, treinamento e padronização de procedimentos.
Quality Control (QC): Detecção de erros por meio de amostras de controle, estatísticas e reanálises.
Tipos de Controles QAQC:
1. Padrões de Referência Certificados (CRM – Certified Reference Material)
Objetivo: Verificar a exatidão das análises laboratoriais.
Aplicação: Amostras com concentrações conhecidas inseridas no lote como se fossem amostras comuns.
Frequência recomendada: 1 padrão a cada 20 amostras (5%).
2. Amostras Brancas (Blank)
Objetivo: Detectar contaminações durante coleta, preparação ou análise.
Aplicação: Amostras de matriz inerte (ex: areia lavada ou sílica) sem conteúdo metálico relevante.
Frequência recomendada: 1 branco a cada 20–30 amostras (3–5%).
3. Duplicatas de Campo
Objetivo: Avaliar a variabilidade natural e a reprodutibilidade da coleta.
Aplicação: Coleta de duas amostras independentes no mesmo ponto ou em pontos adjacentes.
Frequência recomendada: 1 duplicata a cada 20 amostras (5%).
4. Duplicatas de Laboratório
Objetivo: Verificar a precisão analítica do laboratório.
Aplicação: Divisão de uma mesma amostra em duas subamostras analisadas separadamente. Pode ser feito em diferentes etapas do processo, por exemplo: amostras britadas, peneiradas ou pulverizadas.
Frequência recomendada: 1 duplicata a cada 20 amostras (5%).
5. Padrões Internos ou Check Standards
Objetivo: Monitorar consistência entre lotes e ao longo do tempo.
Aplicação: Amostras de controle preparadas pela própria equipe técnica do laboratório, com composição conhecida.
Frequência recomendada: 1 padrão interno por lote ou por turno analítico.
Avaliação dos Resultados:
Desvio Relativo (%): Avaliação da diferença entre duplicatas.
Z-score e RSD (Relative Standard Deviation): Indicadores estatísticos para consistência dos dados.
Gráficos de controle: Monitoramento visual de padrões e duplicatas ao longo do tempo.
Critérios de aceitação: Devem ser definidos previamente com base na variabilidade esperada da matriz.
Boas Práticas:
Codificar amostras de controle para que o laboratório não saiba sua identidade (blindagem).
Registrar todos os dados de QAQC em banco de dados profissional ou planilhas específicas e revisar antes da interpretação geoquímica.
Reanalisar lotes de amostras que apresentem desvios significativos ou inconsistências.
Reanalisar frações de lotes de amostras em outro laboratório para certificar a reprodutibilidade dos resultados. Isso pode ser feito periodicamente (semestral ou anual). Reanálise geralmente é feita em 5% a 10 % do total analisado no período randomicamente.
Integrar os resultados de QAQC aos mapas e modelos geológicos para garantir decisões confiáveis.
📚 Bibliografia indicada sobre Controle de Qualidade e Acurácia (QA/QC) em amostragem e análises geoquímicas para exploração mineral:
Smee, Barry W.; Bloom, Lynda; Arne, Dennis; Heberlein, David (2024). Practical applications of quality assurance and quality control in mineral exploration, resource estimation and mining programmes: a review of recommended international practices. Publicado na revista Geochemistry: Exploration, Environment, Analysis, Volume 24, Número 2.
Este artigo apresenta práticas recomendadas internacionalmente para controle de qualidade (QA/QC) em projetos de exploração mineral e mineração, cobrindo desde a amostragem até os procedimentos laboratoriais. Lyell Collection
Abzalov, Marat Z. (2008). Quality Control of Assay Data: A Review of Procedures for Measuring and Monitoring Precision and Accuracy. Publicado na revista Exploration and Mining Geology, Volume 17, Números 3–4, páginas 131–144.
Este artigo detalha como monitorar a precisão e a acurácia em dados analíticos (ensaios), propondo métodos para avaliação crítica de dados em geoquímica mineral. GeoScienceWorld
Abzalov, Marat Z. (2011). Sampling Errors and Control of Assay Data Quality in Exploration and Mining Geology. Capítulo do livro Applications and Experiences of Quality Control, editado por Ognyan Ivanov, publicado pela IntechOpen.
Discute erros de amostragem, controle de qualidade de dados analíticos e estratégias para reduzir incertezas em programas de exploração. EconPapers
Carswell, J. T. (2017). Best practice sampling QA/QC for gold and base metal mining – including how to assess the applicability of underground reverse circulation grade control sampling. Publicado nos Anais da Tenth International Mining Geology Conference, pela Australasian Institute of Mining and Metallurgy (AusIMM), Melbourne, páginas 297–304.
Aborda práticas de QA/QC voltadas à mineração de ouro e metais básicos, incluindo amostragem com circulação reversa em subsolo. OneMine
Ramsey, Michael H. (2024). Sampling as Part of the Measurement Process. Capítulo publicado no GGR Handbook of Rock and Mineral Analysis, na revista Geostandards & Geoanalytical Research, Volume 48, Número 4, páginas 719–736.
Apresenta o papel da amostragem como parte crítica do processo de medição, com foco em incertezas e controle de qualidade. Wiley Online Library
Abzalov, Marat Z. (2016). Balance Between Quantity and Quality of Samples. Capítulo do livro Applied Mining Geology: Modern Approaches in Solid Earth Sciences, Volume 12, publicado pela Springer, Cham, páginas 373–376.
Discute o equilíbrio necessário entre a quantidade de amostras coletadas e a qualidade dos dados produzidos, com foco em otimização de custos e confiabilidade geológica. SpringerLink
Leite, A. (2024). QAQC Aplicado à Pesquisa Mineral e Operação de Mina
Editora: Instituto Minere
Formato: Curso técnico com material complementar em PDF
Conteúdo didático voltado à implantação de programas de QAQC em todas as etapas da mineração, incluindo amostragem, análise e certificações.
Material disponível no Instituto Minere
As obras supracitadas: Govett, G.J.S. (1983), Rose, A.W.; Hawkes, H.E.; Webb, J.S. (1979), Licht, O.A.B. (1998) e Licht, O.A.B.; Mello, C.S.B.; Silva, C.R. (Eds.) (2007) também incluem capítulos sobre QAQC.


