Saúde e Segurança
Boas práticas essenciais para projetos minerais e desenvolvimento responsável na Mineração e Exploração Mineral.
Nesta seção, o Portal Explorar disponibilizar conteúdos de referência sobre segurança e saúde ocupacional. Buscamos promover a disseminação de informações e conceitos fundamentais que contribuam para a prevenção de acidentes, a promoção da saúde do trabalhador e o fortalecimento da cultura de segurança nas organizações.
Conjunto de ações, normas e procedimentos que têm como meta proteger a integridade física e mental dos trabalhadores.
Ela busca garantir que todas as atividades profissionais sejam realizadas em condições seguras e saudáveis, prevenindo acidentes e doenças ocupacionais.
Mais do que uma obrigação legal, investir em SST significa valorizar o bem-estar humano e aumentar a produtividade dentro das empresas.
A SST tem como principal propósito proteger o trabalhador dos riscos presentes no ambiente de trabalho.
Isso inclui desde a avaliação e o controle dos agentes nocivos até a realização de exames médicos, treinamentos e elaboração de laudos técnicos.
Ao aplicar boas práticas de SST, a empresa reduz acidentes, evita afastamentos e promove um ambiente mais seguro e sustentável.
Toda empresa que possua empregados contratados sob o regime da CLT precisa cumprir as normas de SST.
Isso vale para todos os setores da economia, com atenção especial àqueles que envolvem riscos maiores — como a Mineração.
Mesmo organizações de pequeno porte devem garantir que os trabalhadores atuem com segurança.
Principais Documentos e Programas da SST
PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos
Base legal: NR-01
Finalidade: identificar, avaliar e controlar os riscos ocupacionais existentes no ambiente de trabalho.
Substituiu: o antigo PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais).
Conteúdo: inventário de riscos, plano de ação e medidas preventivas.
PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
Base legal: NR-07
Objetivo: monitorar a saúde dos trabalhadores por meio de exames médicos admissionais, periódicos, de retorno, de mudança de função e demissionais.
Elaboração: responsabilidade do médico do trabalho.
Complemento: gera o Relatório Anual do PCMSO.
Relatório Anual do PCMSO
Base legal: NR-07
Descrição: resumo anual de todas as ações médicas, exames realizados e estatísticas de saúde dos empregados.
Obrigatório: para empresas que realizam o PCMSO.
LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho
Base legal: INSS – art. 58 da Lei 8.213/91
Função: avaliar a exposição do trabalhador a agentes físicos, químicos e biológicos para fins de aposentadoria especial.
Elaboração: por engenheiro de segurança ou médico do trabalho.
PCA – Programa de Conservação Auditiva
Base legal: NR-07 e NR-09
Objetivo: prevenir perdas auditivas decorrentes da exposição a ruído.
Inclui: exames audiométricos, controle de ruído e treinamentos.
PPR – Programa de Proteção Respiratória
Base legal: Fundacentro / NR-09
Função: proteger trabalhadores expostos a poeiras, gases, vapores e aerossóis.
Inclui: seleção e controle de uso de respiradores e exames médicos específicos.
AET – Análise Ergonômica do Trabalho
Base legal: NR-17
Propósito: avaliar o conforto, postura e esforço físico dos trabalhadores, propondo melhorias ergonômicas.
PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário
Base legal: INSS / Decreto nº 3.048/99
Descrição: documento individual que registra todo o histórico laboral do empregado, incluindo exposição a riscos e resultados de exames de saúde.
Usado para: comprovação de tempo de contribuição e aposentadoria especial.
LTI – Laudo Técnico de Insalubridade
Base legal: NR-15
Objetivo: verificar se há exposição a agentes insalubres e definir adicional de insalubridade devido.
LTP – Laudo Técnico de Periculosidade
Base legal: NR-16
Objetivo: identificar atividades perigosas (como inflamáveis, eletricidade, explosivos) e determinar o adicional de periculosidade.
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
Base legal: NR-05
Descrição: grupo formado por representantes da empresa e dos empregados para identificar e prevenir riscos no ambiente de trabalho.
Gestão de SST
A gestão deve envolver todos os níveis da empresa, mas existem papéis específicos:
Empregador: responsável legal por implementar e manter o sistema de SST.
SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho): equipe técnica que executa e supervisiona as ações de SST (engenheiro de segurança, médico do trabalho, técnico de segurança etc.).
CIPA: grupo interno que auxilia na prevenção e conscientização dos riscos.
Trabalhadores: devem seguir as orientações e usar corretamente os EPIs fornecidos.
A gestão é um processo contínuo, composto por etapas que se complementam:
1. Identificação e avaliação de riscos
Reconhecimento dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos presentes no ambiente.
Uso de ferramentas como PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), APR (Análise Preliminar de Riscos) e AET (Análise Ergonômica do Trabalho).
2. Planejamento e controle
Criação de planos de ação para eliminar ou minimizar riscos.
Estabelecimento de protocolos de segurança, procedimentos operacionais padrão (POPs) e medidas de controle coletivo e individual (EPCs e EPIs).
3. Monitoramento da saúde dos trabalhadores
Acompanhamento médico periódico, conforme o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional).
Exames admissionais, periódicos, de retorno, mudança de função e demissionais.
4. Capacitação e conscientização
Realização de treinamentos regulares sobre segurança, ergonomia e uso correto de EPIs.
Participação da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) nas campanhas educativas e de prevenção.
5. Análise de resultados e melhoria contínua
Acompanhamento de indicadores de SST (taxas de acidentes, absenteísmo, não conformidades).
Revisão dos programas e laudos (PGR, PCMSO, LTCAT etc.).
Implementação de ações corretivas e preventivas com base nas análises realizadas.
Benefícios
Colaboradores
Menos acidentes e doenças: a prevenção reduz ocorrências e melhora a qualidade de vida.
Mais saúde e motivação: trabalhadores seguros tendem a ser mais engajados e produtivos.
Capacitação constante: os treinamentos em segurança ajudam os profissionais a identificar riscos e agir corretamente em situações críticas.
Empresa
Cumprimento das exigências legais: seguir as Normas Regulamentadoras evita multas e processos trabalhistas.
Redução de custos: menos acidentes significam menos afastamentos e indenizações.
Melhoria do desempenho organizacional: ambientes seguros favorecem a produtividade e o clima interno.
Reforço da imagem corporativa: empresas comprometidas com a segurança e a saúde dos funcionários se destacam no mercado.
O que é Segurança e Saúde no Trabalho (SST)?
História e Evolução da Saúde e Segurança do Trabalho (SST)
A história da Saúde e Segurança do Trabalho (SST) é marcada por transformações profundas que acompanham a evolução das formas de trabalho e da consciência social sobre os direitos dos trabalhadores.
350 a.C.: Aristóteles já observava doenças em trabalhadores de minas.
1700: Bernardino Ramazzini publica De Morbis Artificum Diatriba, obra pioneira que relaciona doenças às profissões.
Revolução Industrial (século XVIII–XIX) A introdução de máquinas e fábricas aumentou a produtividade, mas também os riscos ocupacionais. Jornadas de até 16 horas, trabalho infantil e ambientes insalubres eram comuns.
Em 1802, surge a primeira lei trabalhista na Inglaterra: Factories Act, que limitava horas de trabalho e exigia ventilação nas fábricas.
1919: Criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), com foco na melhoria das condições laborais. A OIT passou a formular normas globais sobre segurança, saúde e direitos trabalhistas.
1919: Primeira legislação brasileira sobre acidentes de trabalho (Lei nº 3724).
1943: Surge a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), instituída por Getúlio Vargas, incluindo normas de segurança e medicina do trabalho.
Décadas seguintes: criação de normas regulamentadoras (NRs), programas como PCMSO, PPRA e exigência de CIPA nas empresas.
A partir dos anos 1980, o foco se amplia: De uma abordagem médica e técnica para uma visão transdisciplinar, que considera fatores sociais, psicológicos e ambientais. A SST passa a integrar políticas públicas, com ações de vigilância, promoção da saúde e prevenção de riscos.
A mineração é uma das atividades mais antigas e perigosas da humanidade. Desde os tempos do Império Romano, já se reconheciam os riscos à saúde dos mineiros, como doenças respiratórias e acidentes por desabamento.
No Brasil, durante o ciclo do ouro no século XVIII, os trabalhadores — em sua maioria escravizados — eram submetidos a condições extremamente insalubres, sem qualquer proteção. A mineração era conhecida como “comedora de homens”.
Evolução Legal e Normativa
1919: Primeira legislação sobre acidentes de trabalho.
1943: Criação da CLT, incluindo normas de medicina e segurança do trabalho.
1978: Publicação das Normas Regulamentadoras (NRs), incluindo a NR-22, específica para mineração.
NR-22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
Regula atividades em minas subterrâneas, a céu aberto, garimpos e beneficiamento mineral. Exige:
Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)
Treinamentos periódicos
Monitoramento de agentes nocivos (poeira, ruído, gases)
Riscos Ocupacionais na Mineração
A atividade mineradora envolve múltiplos riscos, por exemplo:
Inovações e Tendências Recentes
A Mineração 4.0 tem transformado a SST:
Monitoramento em tempo real de gases e vibrações
Automação e operação remota de equipamentos
Tecnologias vestíveis (sensores corporais)
Realidade virtual e aumentada para treinamentos
Drones e robôs para inspeções em áreas de risco
Essas tecnologias reduzem a exposição humana e aumentam a eficiência na prevenção de acidentes.
Empresas modernas adotam práticas alinhadas ao ESG (Ambiental, Social e Governança):
Reabilitação de áreas degradadas
Diálogo com comunidades locais
Transparência em indicadores de segurança
Investimento em saúde mental e qualidade de vida dos trabalhadores
A SST na mineração deixou de ser apenas uma exigência legal — tornou-se um diferencial competitivo e ético.
Apesar dos avanços, ainda há obstáculos:
Subnotificação de acidentes em garimpos informais
Falta de fiscalização em áreas remotas
Resistência à adoção de novas tecnologias
Necessidade de capacitação contínua
A evolução da SST na mineração é um reflexo da luta por dignidade, segurança e valorização da vida no trabalho. De ambientes insalubres e negligência histórica, o setor caminha para uma abordagem integrada, tecnológica e humanizada — mas ainda exige vigilância, investimento e compromisso coletivo.
Saúde e Segurança do Trabalho (SST) na Exploração Mineral e Mineração




Desafios Contemporâneos
Novas formas de trabalho (home office, gig economy) exigem atualização das normas.
Saúde mental, ergonomia e riscos psicossociais ganham destaque.
A tecnologia contribui com monitoramento, treinamentos virtuais e análise de dados.
A SST evoluiu de uma preocupação pontual com acidentes para uma abordagem integrada que valoriza o bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores. Ainda há muito a avançar, especialmente em países em desenvolvimento, mas o caminho já está pavimentado por séculos de luta e inovação.




